sábado, dezembro 23, 2006

Atrasos Atrasos Atrasos

Realmente tudo isso é uma grande loucura. Atrasos de vôos nesta época do ano. O brasileiro é muito azarado mesmo. Nada, absolutamente nada funciona nesse país para o cidadão médio, que paga imposto, que vota etc. O mal que assolava os serviços públicos - mau atendimento, lentidão e burocracia (papelada, carimbos, assinaturas, cópias autenticadas, firmas reconhecidíssimas etc) - começa agora se fazer mais presente no serviço privado. Não que não existisse, mas era mais controlado. Esse caso dos atrasos dos vôos é algo inadmissível, inaceitável.
Mas como TODA a sociedade brasileira é desarticulada e os passageiros não sabem a quem pedir ajuda, começam a brigar com a atendente da companhia aérea (que não tem nada a ver com o pato), brigar entre si nos aeorportos (que têm menos ainda a ver com o pato) ou ficam lá dormindo no chão do aeroporto, como se nada estivesse acontecendo e tudo estivesse sob a mais perfeita ordem. As cenas que se vêem na televisão são coisas pensadas em cidades mais pobres que as do Brasil. Saca ônibus boliviano de filme americano? Pois é. E ainda achamos que somos civilizados.
Eu fico pensando como essa letargia popular pode mudar. Que instrumentos existem para torná-lo mais ciente de seus direitos e deveres? O Sergio Buarque de Hollanda diz que não adianta botar na escola, porque as origens da nossa formação são caóticas por natureza e que muito dificilmente educação mudaria alguma coisa, pois esse caos está no gene do brasileiro. E se formos ver, quando se está na terra do colonizador, percebe-se uma profunda semelhança entre os modos de agir, nossos e deles. É impressionante nos vermos no espelho do outro lado do Atlântico.
Acho que a principal semilitude é o fato de ambos espereram o redentor que vai tirar milagrosamente o povo da miséria. Um redentor espiritualizado (D. Sebastião?) que terá o poder de voltar do outro lado e levar seus filhos à luz. Isso para nós é muito forte também. Todos esperam um herói. No futebol, na mocinha da novela, nas igrejas repletas de famintos. Eu considero isso muito grave. Gravíssimo, pois ele nunca virá, certo? E se nós não nos ligarmos que o agente da mudança é o indivíduo, e que só ele muda seu espaço e sua vida, vamos continuar assim: esperando alguém vir nos salvar dos atrasos de 12, 16 horas nos aeroportos (Papai Noel?)
Para tentar entender melhor essa confa, decidi me dedicar a leitura de sociologia. Recomendo a todos. Não são chatos como muitos pensam. S. B. de H. foi primeiro e foi chocante. O segundo é Darcy Ribeiro. Recomendo, recomendo, recomendo a todos que querem se entender como parte do povo brasileiro. Uma viagem.
Abraços

Nenhum comentário: